Notícia #1 - Professor cego mostra em livro como ensinar física para quem não enxerga
Este é o terceiro livro de Camargo e é resultado da pesquisa de pós-graduação do professor, realizada em 2005, com a supervisão do professor Roberto Nardi, da UNESP de Bauru. Ele tentar driblar costumes que estão enraizados na dinâmica de uma sala de aula, onde o professor usa ao mesmo tempo a fala e a informação visual para se comunicar com os alunos.
Dessa fora, segundo Camargo, o estudante cego não consegue participar da aula e sequer tem condições de formular perguntas a respeito do que está sendo tratado porque só tem acesso parcial ao conteúdo. O professor ainda diz que ainda não há soluções definitivas para ensinar todos os conteúdos de física para quem não vê, mas é preciso dar mais atenção a outros canais de comunicação.
METODOLOGIA
Para entender melhor como superar esse obstáculo, ele passou um ano coletando dados e informações, com a ajuda de estudantes de licenciatura em física, 35 alunos videntes e 2 cegos. As aulas foram gravadas em vídeo e, depois do curso, todos os participantes da pesquisa foram entrevistados.
De acordo com Eder, uma das formas pelas quais é possível driblar os hábitos de comunicação excludente na sala de aula é ensinando por meio de maquetes táteis. Ao transferir o conteúdo dos gráficos e esquemas da lousa para um modelo 3D, não só é possível incluir os alunos cegos, mas a ferramenta também pode facilitar o processo de aprendizado dos colegas videntes, além de incentivar a interação entres os alunos. Outros materiais que podem ser usados são barbante, arame, massa de modelar, isopor e pregos, entre outros.
Além disso, outra diferença nos hábitos do professor, na hora de pensar em como dar uma aula acessível para quem não consegue enxergar, é a necessidade de planejamento com maior antecedência. Isso permite a construção dos modelos adequados para o ensino do conteúdo específico da aula. Por isso, ele defende que, além do incentivo à formação qualificada do professor, é preciso que o governo dê, no caso das escolas públicas, a infraestrutura necessária para que o trabalho seja feito.
Na opinião do professor, essas condições ainda não são satisfatórias. Mas Camargo defende que de nada adianta constatar o estado das coisas hoje, principalmente considerando o sistema atual de ensino.
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