[Entrevista] Ize Chi Kiohaan

21:53 Helena Dias 4 Comments

Como vocês sabem, há pouco tempo fiz uma promoção coletiva aqui no blog que sorteou um exemplar o livro "A Herdeira do Mar" [review aqui]. E, eu não poderia deixar de fora uma entrevista com a autora, né?!

Vamos lá?





Café com Livro: Quem é a Ize por Ize?
Ize Chi Kiohaan: Uma mulher que, não importa quantos anos passem, continuam com uma característica essencial dos jovens: quer abraçar o mundo com os próprios braços. Gosto de fazer mil coisas ao mesmo tempo, e nunca me contento com uma coisa só. Quero alcançar o céu, e não me sentirei satisfeita até conseguir, seja na vida pessoal ou profissional.


CcL: Como surgiu a ideia de começar a escrever?
ICK: Começou com as fanfics de HP (histórias de fãs baseadas em um universo preexistente; neste caso, no de Harry Potter). Eu gostava de um casal que a J.K. Rowling nunca colocou nos livros, mas que eu sempre imaginava: Draco Malfoy e Gina Weasley. Comecei a escrever fanfics sobre eles aos 12 anos, e nunca parei (até hoje tem uma em curso que, eita!, preciso atualizar rsrs).


CcL: Se inspira em outros autores? Quem?
ICK: Hum, não tenho uma inspiração fixa. Mas acho que todo escritor também é um grande leitor, logo, sempre li muito. O autor que mais me encantou, e pode considerá-lo minha inspiração, é o Sidney Sheldon, pois ele escrevia ficções magníficas, com personagens muito bem desenvolvidos e marcantes. Mas, ainda assim, minha forma de escrever passa bem longe da dele.


CcL: De onde veio a inspiração para escrever “A Herdeira do Mar”?
ICK: Boa pergunta rsrs
Não sei dizer ao certo. É só que chegou em um ponto em que percebi que as fanfics não eram suficientes para mim; eu queria histórias próprias, e comecei a pensar nelas.
Chegou um momento que pensei em várias diferentes (motivo pelo qual tenho outras duas sagas na minha mente), mas AHdM ganhou mais espaço quando sonhei com a história.
Foi mais ou menos assim: acordei com a sensação de que sonhei algo bom, mas não conseguia lembrar. Fui tomar um banho e, enquanto estava embaixo d’água, lembrei a cena: era de uma garota nadando, sem se preocupar em respirar. Dali cortava para ela conversando com alguém, que explicava o que ela era.
Não é um sonho explícito, mas para quem tem imaginação, consegue desenvolver muito à partir daí. O engraçado é que nunca havia pensado em escrever especificamente sobre sereias; a ideia só surgiu depois desse sonho.



CcL: Algum personagem que você escreveu é baseado em alguém real?
ICK: Os personagens, não. Os sentimentos românticos, sim. O amor entre Cordélia e Morgan, a forma como se sentem, foi desenvolvida à partir de como me sinto pelo meu marido desde o início. O mais gratificante é receber comentários de leitoras que se identificaram com isso, por também terem alguém especial em suas vidas e sentirem-se da mesma forma. Acho que consegui descrever bem esse sentimento, então rsrs


CcL: A Herdeira do Mar é um livro bastante mitológico. Você fez pesquisas para escrevê-lo ou apenas deixou sua mente viajar?
ICK: Fiz MUITA pesquisa. Acho que não importa se você está descrevendo um mundo completamente novo, a pesquisa é plenamente necessária.
E isso é um defeito que vejo em muitos livros hoje, sejam estrangeiros ou nacionais. Porque, não importa o tamanho da sua criatividade, um embasamento “real” é necessário para que a história dele seja mais crível.
Se vai escrever um país completamente novo, precisa ter uma ideia de como funciona um governo. Se vai descrever uma guerra, precisa saber como ela funciona (e exemplos temos de sobra na história da humanidade).
Quando me fiei na parte mitológica, aprofundei a pesquisa nos mitos existentes sobre Atlântida, por exemplo. E por mais que muitos já tenham ouvido falar da cidade, poucos sabem que efetivamente existe um mito de que Poseidon a afundou!
Muitos conhecem “A Pequena Sereia” pelo filme da Disney, mas poucos sabem a história original criada por Hans Christian Andersen; nele, ele descreve que a vida de uma sereia é de 300 anos, fato que achei interessante manter em meu livro, como uma dedicatória especial à esse autor, que tanto inspirou o imaginário de sua época (e continua até hoje).
Eu poderia só ter inventado, mas é divertido pegar coisas já existentes e criar à partir daí. Encontrei relatos de que Poseidon só podia ter filhos homens, o que pude desenvolver e criar boa parte da trama, por exemplo. E “Anfitrite” é conhecida como sendo a mãe do deus dos abismos, Tritão, filho de Poseidon. Logo, toda a pesquisa que fiz foi mais do que útil para desenvolver o mito em que envolvi a história do livro.
Nem preciso dizer o quanto venho estudando sobre guerras, a fim de que o 2º livro fique bem realista!


CcL: Além da continuação de A Herdeira do Mar, você tem mais algum projeto em mente?
ICK: Tenho mais duas sagas em mente, uma delas com o 1º livro já em estágio avançado. Mas como tenho uma característica perfeccionista, muito provavelmente vou reescrevê-lo inteiro quando me dedicar apenas a ele.


CcL: Seu livro será lançado na Bienal no dia 07/09. Como foi saber dessa notícia? O que sentiu?
ICK: É difícil descrever o sentimento. É aquela sensação de vitória, misturada com felicidade e muita – mas muita! – ansiedade! É saber que alcançou algo, que “chegou lá” ao mesmo tempo em que não chegou, já que esse é apenas o primeiro passo de muitos que virão pela frente =)


CcL: Todos sabem o quanto é difícil escrever um livro. Em algum momento você pensou em desistir?
ICK: Não pensei em desistir enquanto escrevia, mas pensei seriamente depois que ele estava pronto. Deixei meu livro engavetado por vários meses; o detalhe cômico é que eu havia preparado tudo: ebook, projeto gráfico para edição física e site.
Mas simplesmente não tinha coragem de lançá-lo! Estava tudo pronto em janeiro de 2013, e deixei tudo parado até julho. Se tem uma coisa que aprendi ao longo dos anos é que paciência é fundamental; às vezes fazemos as coisas num átimo por pura ansiedade, e depois percebemos que não deveríamos ter feito.
Logo, com tudo pronto, “andei para trás” e resolvi esperar. Deixei passar os meses, procurando até esquecer que eu tinha escrito um livro, me dedicando à minha vida profissional (ainda faço faculdade e estagio).
Meu maior medo era ser “mais uma”. Temos tantas escritoras e escritores brasileiros que desejam ver seus livros alcançando um público, e não conseguem! Ficava com medo de assumir meu livro e entrar nesse grupo; medo de me aventurar e dizer para todos os que conheço “sou uma autora, leia meu livro!”. E depois, se não gostassem? E se eu tivesse que ouvir mil piadinhas inúteis e desnecessárias?
Foi muito tempo com esse receio antes de eu resolver colocar a “cara à tapa” e assumir minha criação. Mas hoje, não me arrependo, apesar de ainda me sentir constrangida quando alguém me chama de “escritora” rsrs


CcL: Tem algum estilo literário que prefira [tanto para ler quanto para escrever]?
ICK: Como leitora, eu adoro todo e qualquer estilo literário, nem que seja pela curiosidade de conhecer. Mas como escritora, tenho preferência mesmo pela literatura fantástica. Sonho em um dia escrever um chick-lit ao estilo Sophie Kinsella, mas não creio que eu seja capaz; apesar de adorar o gênero, minha criatividade não se desenvolve para esse lado.


CcL: Você tem alguma mania quando vai escrever?
ICK: Uma muito, muito péssima: fumar. Sou fumante, e ao estilo Carrie Bradshaw de “Sex and the City” eu fumo enquanto escrevo. O que é muito ruim! Para quem estiver lendo esta entrevista, lembre-se: fumar faz mal à saúde! Não sigam o
péssimo exemplo desta escritora aqui! (não, não comecei a fumar por conta da escrita, mas já deveria ter parado há muito tempo)


CcL: Está lendo algum livro nesse momento? Qual? Recomendaria?
ICK: Acabei de ler “Como (quase) namorei Robert Pattinson” da Carol Sabar. Gostei da autora depois que li “Azar o Seu!”, mas não curti muito esse livro. Talvez, justamente, porque eu havia lido o outro antes. Achei, de certa forma, as personagens parecidas demais, assim como o final. Mas recomendo, sim, a autora, com a segunda obra que citei, pois acho que é um excelente exemplo de chick-lit brasileiro, que merece ser lido!

CcL: Para finalizar, poderia deixar uma mensagem para aqueles que querem ser escritores?
ICK: Sigam seu instinto. Pode parecer um conselho vago, por isso, vou tentar explicar: não tentem imitar ninguém. Por mais que você goste de como o autor X escreve seu livro, a sua forma de escrever pode ser bem diferente da dele.
Veja meu exemplo: amo as obras do Sidney Sheldon, mas à medida que eu escrevia, percebi o quanto a minha forma de escrita passava longe da dele. Se você curte, por exemplo, livros escritos em 1ª pessoa, faça o teste: tente escrever e seja sincera na hora de opinar se está bom ou não. Eu descobri que era uma forma de escrever que não servia para mim, preferindo escrever em 3ª pessoa, o que me rendeu uma escrita muito mais fluída, de uma forma que eu me sentia bem ao fazê-lo.
Não se force à um estilo de escrita só porque você acha que será o que atingirá melhor um público. Confie no seu instinto, no que você percebe ser melhor para você, antes de seguir em frente.
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Espero que tenham gostado!!
Beijos Literários e até a próxima!!

4 comentários:

  1. Oi, Helena! Tudo bem?
    Eu não conhecia a autora e o livro, mas fiquei curioso para saber mais.
    Por ela escrever fics de HP, eu meio que viro os olhos porque o que vem de fic não sai lá essas coisas rsrs mas vi tanta coisa boa nessa entrevista. Ela gostar de Sheldon ♥ ele é um autor fantástico mesmo.
    Eu gostei muito da entrevista, a autora parece, além de simpática, ter um livro interessante. Vou ler sua resenha para acabar com minha curiosidade.
    Beijos
    Descobrindolivros.blogspot.com.br

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    1. Oi, Lucas!!

      A autora é muito boa mesmo. E, além disso, eu gostei muito do livro dela. Deixa um comentário lá na resenha, hein!! hehe

      Beijinhos!!

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  2. Olá Helena

    Também não conhecia nem a autora e nem a sua obra, mas lendo agora a entrevista fiquei curioso por conhecer o livro.

    Estou seguindo seu blog para acompanhar as atualizações e sempre que puder fazer uma visita.
    Abraços

    http://reaprendendoaartedaleitura.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Fernando...

      O livro é muito legal. Dá uma lida na resenha que eu fiz. A autora realmente surpreende com o universo que criou.

      Seguindo o seu blog também, xuxu!!

      Beijinhos!!

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