O Lago Negro - Juliana Daglio
Livro: O Lago Negro
Autora: Juliana Daglio
Editora: Arwen
Ano: 2015
Páginas: 368
ISBN: 9788566754513
Sinopse: Verônica é uma garota problemática marcada por um passado traumático do qual mal se lembra, mas que lhe tirou o direito à total sanidade.
Ao se mudar para o interior, depois de passar no vestibular, ela se depara com o local perfeito para se inspirar e, finalmente, transformar seus personagens imaginários em um livro. Lagoana é uma cidade nebulosa, úmida, habitada por almas quietas e pouco amigáveis. Porém, o clima obscuro não despertará somente a criatividade, mas também acordará seus fantasmas mais profundos.
Prestes a perder o controle sobre sua trama e sua mente, Verônica conhece um estrangeiro de sorriso cafajeste e olhos azuis e, desconfiada de suas intenções, ela guarda segredo quanto ao seu livro, mas não sabe que Liam também tem os seus.
Verônica nem desconfia, mas eles podem ser a chave para os mistérios que a rondaram durante toda sua vida. Assim, o lago negro de sua imaginação será, definitivamente, o estopim para toda sua loucura emergir. O que será que ele esconde no fundo de suas águas escuras?
[Nota Pessoal]
O Lago Negro conta a história de Verônica, que acaba de passar no vestibular e se mudar para o interior com o namorado, Enzo. Ela acredita que aquele é o lugar perfeito para transformar sua imaginação em um livro, porém Lagoana é uma cidade um tanto estranha e meio tenebrosa, cheia de pessoas pouco amigáveis. O clima nebuloso da cidade não apenas despertará a criatividade de Verônica, mas também acordará seus fantasmas internos.
Primeiramente eu gostaria de dizer que foi bem difícil começar essa resenha. Foi complicado por vários motivos, mas principalmente porque são tantas coisas dentro desse livro que eu fiquei com muito receio de falar demais. "Ah, Helena, mas um spoiler pequeno não tem problema." Mas, claro que tem. Um: muitos não gostam nem dos pequenos (como eu), e dois: qualquer spoiler desse livro, por menor que seja, pode revelar algo que parece inofensivo a princípio, porém que vai estragar alguma coisa adiante na história. Então, tive que ler; e reler; e reler; e reler até cansar para ter certeza de que tudo que escrevi estava de boa!
Vamos começar falando da escrita da Juliana. Para aqueles que já acompanham o trabalho da autora, sabem o quanto a nossa Libélula Rainha escreve de uma forma tão poética, que beira os limites do clássico. Em O Lago Negro, todavia, a sua escrita toma um estilo um tanto diferente. A poesia ainda continua em sua maneira de escrever, porém um pouco mais contemporânea, eu diria.
Narrado em primeira pessoa, Juliana e Verônica parecem uma só. A forma como a autora consegue incorporar a personagem e fazer dela tão real é impressionante. Era como se estivesse assistindo tudo ao vivo. Quando comecei o prólogo do livro, fiquei meio "WTF? O que a Ju tá aprontando?". Logo de início o livro já vem carregado de fantasia, mas não se engane. Você não encontrará elfos, bruxos, anões, fadas e todas aqueles elementos felizes de uma fantasia "normal". Porque essa aqui é muito diferente; é obscura, repleta de mistérios, que transitam entre a loucura e a sanidade.
"Todo dia na mesma hora tomava meu café da manhã, depois engolia minhas pílulas. Elas mantinham os meus monstros calmos, os fantasmas invisíveis."
Já que chegamos até aqui, vamos falar um pouco dos personagens mais presentes no livro.
Verônica é uma jovem retraída, introvertida, antissocial e super na dela. Filha de um renomado autor, ela também adora escrever. Podemos acompanhar o processo de escrita de seu primeiro livro através de alguns trechos adicionados aos capítulos. De início, ela me passou a imagem de nada mais que uma menina mimada, mas, com o decorrer da trama, nossa protagonista mostra claramente todas as suas fraquezas e medos. Mostra que por trás de toda aquela pinta de menina marrenta, ela carrega um enorme trauma que a assombra constantemente. Ela não tem muitos amigos (ou nenhum, eu diria) e por isso se apoia totalmente em seu namorado,
Enzo, que é o completo oposto da nossa protagonista. Simpático, social e extrovertido, ele é aquele tipo de namorado que está ali para te ajudar em todos os momentos. Ele é o tipo de personagem que começa como apoio, mas vai crescendo de uma maneira tão esplêndida que se torna uma peça vital para todo o quebra-cabeça da trama. Apesar de mostrar um ar inocente, Enzo tem seus segredos. Segredos esses que podem protagonizar uma boa reviravolta na história. Terminei o livro querendo virar o rosto dele do avesso de tanto tapa, mas não me precipitarei. Também não direi o motivo da minha revolta. Hehe...
Ahhh, os
Caprini... Com personalidades fortes e únicas, os Caprini são elegantes, discretos, sutis, educados e, principalmente, muito misteriosos. Eu poderia falar do casal Caprini separadamente, mas não o farei. Simplesmente pelo fato de que eles parecem uma só pessoa. Sabe aquele lance de alma gêmea? Pois bem, os Caprinis são a prova de que tal coisa existe até mesmo nos livros. Achei perfeita a forma como a Ju os criou, a sincronia que ela conseguiu transmitir. Sempre que eu lia algum capítulo que os envolvia, pensava em música clássica porque era isso que eles me passavam, tamanha era a intensidade do casal. Na verdade, acho que é bem isso: eles são duas cordas que foram afinadas no mesmo tom e agora vibram juntas. Apesar de tudo parecer estar bem com relação a eles, o casal se vê ameaçado quando
Liam, um estrangeiro que aparece de repente na cidade, chega em busca de informações sobre a família Caprini. Liam, assim como os demais, tem seus segredos. Porém, ele os esconde bem por trás de uma máscara de cinismo. Sua auto-estima é tanta que chega a ser irritante, mas Liam sabe mais do que aparenta e, como todos aqueles que sabem demais, ele precisa se camuflar de alguma forma. No começo, eu não gostei muito do Liam porque sim. Hahaha... Achei que ele era muito arrogante e cheio de si, mas com o decorrer da leitura, eu entendi que ele
PRECISAVA ser assim. E a forma calma, paciente e carinhosa com a qual ele começou a tratar Verônica me fez criar laços de simpatia com ele.
Além desses personagens, temos outros que não aparecem com tanta frequência, mas que acabam impulsionando outras coisas. E essas conexões que a autora faz são muito boas e inteligentes a meu ver.
"No mesmo instante pensei naquele enredo fantasioso e misterioso que brotava em minha imaginação desde meus catorze anos; lembrei de Liriel me perseguindo em sonhos com seus olhos púrpura, seus cabelos que mudavam de cor frente a grandes mudanças."
Bem diferente da duologia Uma Canção para a Libélula, esse livro tem uma atmosfera gótica e muito sinistra, beirando um pouco o terror. Sinceramente, não sei se existe um subgênero para esse tipo de fantasia. Mas, se não existir, depois de ler essa obra, estou quase criando um. Fantasia Gótica, talvez. Haha... E se já existe um nome para isso, me avisem aqui nos cometários. Por favor!
Enfim...
O Lago Negro é instigante do começo ao fim, mas de uma maneira majestosa. Ele te faz querer devorar cada página em busca de respostas para, no fim, te atingir com um soco no olho e um chute na virilha. Aliás, quem conhece o trabalho da Ju, sabe que ela é a Rainha dos finais de arrancar os cabelos. E, nesse caso, não foi diferente!! Por isso, preparem-se para muitas emoções, queridíssimos leitores! E cuidado com o coração!!
"Dizem que o passado é algo que vive dentro de você, por mais esforços que faça para esquecê-lo. Dizem que ele molda seu futuro, que influencia suas decisões e que acaba passando a fazer parte de quem você é, não importando o que escolheu fazer com ele.
Gostaria que isso não fosse verdade."
Beijos Góticos!!
Se não conhece os outros trabalhos da Juliana, dá uma lida nas resenhas. Basta clicar na imagem.
2 comentários: