A Neta de Maharani - Maha Akhtar

16:24 Helena Dias 0 Comments

Livro: A Neta de Maharani
Autora: Maha Aktar
Editora: Primavera Editorial
Ano: 2009
Páginas: 363
ISBN: 9788561977092

Sinopse: Em três gerações e um século completo, o livro traz a história de quatro mulheres admiráveis marcadas por amores secretos. A neta da Maharani é um romance de memórias que retrata amor, esperança e choque cultural. Relato da saga de Maha Akthtar em busca de sua verdadeira origem, a obra é um resgate de experiências que o tempo tentou apagar. Em três gerações, o livro traz a história de quatro mulheres marcadas por amores secretos - Anita Delgado, uma bailaora espanhola que aos 17 anos se casou com o marajá de Kapurthala, na Índia; Laila, uma mulher libanesa independente e à frente de seu tempo; Zahra que cometeu o erro de se apaixonar por Ajit, filho de Anita Delgado e do marajá; e Maha que busca a verdadeira identidade em viagem que começa em Nova York, passa pela Europa e chega à Índia.

[Nota Pessoal]

A Neta de Maharani é um romance de memórias. Ele relata a busca de Maha Akthtar (sim, é a autora) pela sua verdadeira identidade, passando por três gerações de mulheres antes dela. O que acontece é que, ao tirar um novo passaporte, ela tem sua solicitação de uma nova certidão de nascimento negada. Ao realizar algumas pesquisas, Maha descobre que não nasceu na Austrália, como sua mãe havia dito, mas sim no Líbano. A partir daí, ela começa uma busca por sua verdadeira origem e acaba por descobrir histórias intensas sobre as mulheres de seu passado.

Eu recebi esse livro em parceria com a Primavera Editorial e devo dizer que essa leitura foi uma surpresa enorme. Eu achei que seria uma biografia como qualquer outra, contando sobre a vida da autora e as coisas pelas quais suas ancestrais passaram para que ela se tornasse a mulher independente que é hoje. E ela realmente o fez, porém de uma forma um tanto diferente das biografias que estou acostumada a ler.

Em capítulos muito bem escritos e com uma união de conteúdo maravilhosa, Maha nos conta sobre a sua vida e as vidas dessas mulheres tão diferentes, mas ligadas pela força de viver e pela fé em si mesma. Ela relata todas as dificuldades e sacrifícios passados por essas mulheres através de uma narrativa belíssima e cuidadosa. Mas o que realmente destaca a história é que tudo é relatado como se fosse uma ficção, o que deixou a leitura muito mais leve e dinâmica.


Inicialmente, vamos conhecer Anita Delgado, uma bailaora espanhola que se casou com o marajá de Kapurthala, na Índia, aos 17 anos, com quem teve um filho chamado Ajit. Anita larga tudo para ir viver seu conto de fadas perfeito, em um lugar que não conhece nada nem ninguém, a não ser seu marido. Ela nos mostra como é viver no luxo e ter tudo que quisermos. Apesar de parecer que tal personagem não sofreu como as outras, Anita teve a infância e a adolescência complicada. E sua história de vida é a raiz da árvore genealógica de Maha, afinal tudo começa com ela. 

Em seguida, temos Laila, uma mulher libanesa independente e muito à frente de seu tempo. A sua trajetória é linda, emocionante e extremamente marcante. Os acontecimentos em sua vida fazem a personagem regredir, passando de uma mulher forte e corajosa para uma mulher submissa e dependente. É muito tocante, angustiante e desesperador ler as coisas pelas quais ela passa. Humilhações, agressões verbais, físicas e mentais, depressão, a perca da vontade de viver... Tudo isso é de cortar o coração. Por vezes, me perguntei onde tinha ido parar a mulher feliz e destemida do começo. Achei que ela mudaria quando Zahra, fruto de um amor lindo e proibido, nasceu. O amor de Laila pela filha era enorme e realmente ela passou por cima de muitos obstáculos para fazer a filha feliz, mas acredito que ela já tinha se perdido de si mesmo nessa época e não conseguia mais se encontrar. 

Por último, temos Zahra, que cometeu o erro de se apaixonar por Ajit, filho de Anita Delgado e do marajá. Zahra nasceu com a mesma personalidade forte que sua mãe costumava ter, e cresceu como uma mulher independente e forte. Viveu aventuras incríveis com seu amado, mas que não durou muito tempo. Ajit era conhecido por gostar de aventuras e de ser livre. Logo, o romance não durou muito tempo. Posteriormente, Zahra foi obrigada a se casar com Anwar Akhtar e deu à luz a Maha, a nossa protagonista. Ela é um reflexo perfeito de todas as suas ancestrais. Maha tem um pouquinho de cada uma delas em si, e é isso que a faz correr atrás de sua verdadeira história de vida.

"Depois de Anita houve muitas outras mulheres na vida de Jagatjit... Mas ninguém cativou seu coração e sua lama como ela o fizera. Talvez fosse sua inocência ou ingenuidade o que a tornavam tão sedutora, talvez sua vontade de se transformar no que queria ser ou, talvez, tenha sido algo tão simples quanto o amor..."

Eu confesso que não esperava gostar tanto desse livro, mas conhecer a vida dessas mulheres, entender melhor o que elas passaram (e que algumas ainda devem passar) e acompanhar toda a luta que travaram para ter um reconhecimento e ser alguém na sociedade é algo que devemos levar como exemplo. Poder ver que, com o passar dos anos, conseguimos conquistar muita coisa é algo para levar de inspiração e motivação para conseguirmos muito mais.

A Neta de Maharani é uma história de amor, de esperança e de choque cultural sobre uma vida que não tem desperdícios; é um relato em que todas as pontas são amarradas perfeitamente, é intenso, inspirador e fascinante; um resgate de memórias que o tempo tentou apagar.

“Às vezes a vida nos põe diante de encruzilhadas e nos oferece caminhos distintos. Você pode escolher um ou outro, mas o destino tem uma maneira estranha de se manifestar; sempre nos devolve a trilha em que devemos estar, a trilha que escolheu para nós”

Beijos Literários!


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Sombras da Primavera - Keila Gon

12:59 Helena Dias 2 Comments

Olá, seus lindos!!

Essa resenha faz parte do Book Tour organizado pela Ana Paula, do Livros de Elite, e a resenha do primeiro volume da trilogia, Cores de Outono, já está aqui no blog. Caso não tenha lido, aconselho dar uma passadinha por lá antes de ler essa aqui. ;)

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Livro: Sombras da Primavera (Trilogia Cores #2)
Autora: Keila Gon
Editora: Novo Século
Ano: 2014
Páginas: 461
ISBN: 9788542803655

Sinopse: Amor, escolha, compromisso... No segundo volume da saga, Melissa e Vincent lutam para perseverar em suas promessas e arriscam suas vidas para encontrar uma resposta... Quem controla o coração? O medo ou o amor? Conflitos agitam a frágil realidade do Mundo Físico, enquanto intrigas se multiplicam em um Mundo Mágico, inóspito, onde nem tudo é o que parece ser. Amizades improváveis surpreendem com novas alianças; maldições e traições colocam o perigo perto de quem se ama. Sombra e Luz estão em confronto mais uma vez... entre dificuldades e perdas, a esperança renasce com uma surpreendente descoberta e apenas a herança de uma linhagem única poderá mudar o rumo dessa história. Melissa e Vincent confiaram no destino, agora, precisam confiar na força deste amor. Sombras da Primavera é a eletrizante continuação de Cores de Outono. A trama criada por Keila Gon torna-se ainda mais profunda e reveladora neste segundo volume. Com uma narrativa atraente e inspiradora, cenários fantásticos e personagens impactantes, Sombras faz o leitor mergulhar em um território desconhecido, aterrorizante, mas também, encantador.

[Nota Pessoal]

Terminamos o Cores de Outono, com um acontecimento que evidencia os perigos que estão presentes na montanha. Por conta disso, Vincent se torna muito mais cauteloso com relação a Melissa, tentando protegê-la de tudo quanto é jeito, com medo de que ela esteja em risco. Em Sombras da Primavera, Vincent tenta esconder de Melissa todo e qualquer detalhe sobre o mundo mágico, achando que assim pode protegê-la. Melissa, por sua vez, sente necessidade de conhecer o lugar de onde seu amado veio, já que o romance entre eles cresce cada vez mais. Como se isso não fosse suficiente, surgem indícios de que existe uma maldição grudada na linhagem de Vicent. Tal maldição pode afetar também Melissa, fazendo com que os dois se vejam diante de um dilema: ficarem juntos mesmo que coloquem suas vidas em perigo ou ficarem separados e para sempre infelizes.


Se tem uma coisa que eu gostei bastante desde o primeiro livro, essa coisa é a escrita da autora. Keila mantem a sua maneira simples e natural de escrever, deixando aquela sensação de leveza. Apesar de muito minuciosa em sua escrita, a autora não deixa a história ficar massante e/ou cansativa. Ao detalhar cada coisa do mundo mágico, ela nos proporciona uma visão ampla e muito bonita do lugar, que acrescenta certo diferencial ao mesmo. Sua forma de conduzir os acontecimentos, de maneira que desperte a curiosidade do leitor, também é outra coisa que permanece bem viva durante a narração. E, devo dizer, que isso foi o que contribuiu bastante para que a leitura fluísse de forma tranquila até seu fim. 

Diferente do Cores de Outono, os capítulos não são todos narrados por Melissa. Keila nos surpreende com narrações do ponto de vista de Vicent também. O mais legal dessa alternância de perspectivas, é que fica bem evidente quem está narrando a história. A autora soube exatamente como separar as personalidades e torná-las tão diferentes que somos capazes de identificar o narrador na primeira frase do capítulo. Além disso, nos permitiu entender melhor como Vicent se sente em relação a Melissa, seus pensamentos mais pessoais e suas atitudes. Não sei vocês, mas eu acho muito importante conhecer melhor os personagens principais de uma história. 

“Por mais que desejasse ir atrás dela... por mais que desejasse seu perdão, sua aceitação... Era hora de fazer o certo. Por ela. E, talvez, essa fosse minha última chance. A maldição dos magos das sombras estava nos rondando, como um fantasma. E não podia deixar de pensar que, o episódio de hoje, foi a confirmação mais próxima de sua veracidade.”

Um ponto MUITO diferente em relação ao primeiro livro, é o clima da narração. Como todo segundo volume de uma trilogia, essa história tem um clímax muito mais intenso e agitado. É o momento em que as coisas começam a ser reveladas aos poucos e o cheirinho de mistério ronda o ar. Para mim, essa mudança de ritmo foi bastante positiva, principalmente porque deu mais destaque aos perigos e problemas da montada e aos personagens secundários, permitindo que o leitor conheça mais sobre eles.

Entretanto, algo que já tinha me incomodado no primeiro livro, continuou em Sombras da Primavera. O romance. Melissa e Vicent continuam com aquele amor água com açúcar, bem meloso e chatinho. A semelhança com a saga Crepúsculo, de um modo geral, deu uma amenizada, mas o casal continua um exemplo de Bela e Edward. Sempre que eu chegava em uma cena de romance entre eles, tinha vontade de pular aquela parte do livro. Mas não o fiz, afinal poderia conter alguma informação importante para a história como um todo. O excesso de proteção que o mago tem com sua amada é irritante, além de ser bem repetitivo todas as vezes que ele vai explicar seus motivos. Vicent a trata como se ela fosse uma donzela indefesa a espera de um príncipe que a proteja, como se ela fosse quebrar a qualquer momento. Eu entendo que ele se preocupa com Melissa, e no começo era bem legal esse cuidado dele, mas depois foi muito mimimi. Eu tenho a personagem como uma mulher forte, que consegue se defender. Então, acredito que essa atitude dele é o que tira toda a potencialidade na voz de guerreira que Melissa tem. Por isso, para, migo! Tá chato! 

Também me incomodou bastante a falta de evolução na narrativa. Como assim? Bom, não teve nada de ruim, o que é ótimo. Mas, igualmente, não teve nada que agregasse. Ficou estagnado na mesma coisa. As cenas que deveriam tirar o fôlego, acelerar seu coração e fazer correr adrenalina pelas suas veias, continuaram sem um avanço, sem emoção, a meu ver. E, mesmo que alguns acontecimentos possam ser surpreendentes para alguns, para mim foram previsíveis. Por fim, assim como no primeiro livro, a quantidade de cafezinhos que daria estava oscilando mais uma vez. Logo, o resultado final não foi diferente de Cores de Outono, ocasionando na mesma nota.

"Por longos segundos, fiquei presa na intensidade daquele olhar. Nele vi, com clareza, o temível mago das sombras, o homem instável que buscava fazer as escolhas certas, o garoto revoltado que sentia medo... e todos eram um."

Mesmo assim, ainda acho a história boa. E recomendo sim. Caso você curta fantasia repleta de seres mágicos e um mundo tão lindo quanto eles, se joga nessa leitura!


Beijos Literários!!

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