Hoje eu quero voltar sozinho - Daniel Ribeiro

10:36 Helena Dias 1 Comments

Filme: Hoje eu quero voltar sozinho
Roteiro: Daniel Ribeiro
Direção: Daniel Ribeiro
Elenco Principal: Ghilherme Lobo (Leonardo), Fabio Audi (Gabriel) e Tess Amorim (Giovana).
País: Brasil
Ano: 2014
Duração: 96 minutos




Sinopse: Léo é um adolescente cego que, como qualquer adolescente, está em busca de seu lugar. Desejando ser mais independente, precisa lidar com suas limitações e a superproteção de sua mãe. Para decepção de sua inseparável melhor amiga, Giovana, ele planeja libertar-se de seu cotidiano fazendo uma viagem de intercâmbio. Porém a chegada de Gabriel, um novo aluno na escola, desperta sentimentos até então desconhecidos em Léo, fazendo-o redescobrir sua maneira de ver o mundo novo para a vida dele.

[Nota Pessoal]

Quem nunca ouviu falar que o amor é cego? O longa-metragem derivado do curta "Hoje Eu Não Quero Voltar Sozinho" traz o amor em sua forma mais pura como tema. Não é só uma história fofa (Sério, prepara o emocional, é muito fofooo *-*), mas também é uma forma de projetar que o amor não vê padrões, de mostrar o sentido da expressão "o amor é cego". 

A trama conta a história de Leonardo (Ghilherme Lobo), um garoto cego que, como todo adolescente, procura seu lugar. Desejando ser mais independente e ter uma liberdade que, para ele, parece utópica, Leo tem que lutar contra as suas limitações e a superproteção de sua mãe. Mas a chegada de Gabriel (Fabio Audi), um novo aluno no colégio, desperta no nosso protagonista sentimentos até então desconhecidos, fazendo com que ele descubra uma nova maneira de ver o seu mundo. 

Infelizmente, ainda é muito comum associarem gays a desejos sexuais; são padrões sociais passados à
frente sem o menor fundamento (e muito pré-conceito). Sentimentos e desejos são duas coisas diferentes. Léo sente o seu amado, mas não o vê, mostrando que o amor ultrapassa as barreiras de um rostinho bonito e/ou um corpo sarado. Ao longo do enredo, vemos ambos conquistando um ao outro de uma forma leve e sensível, não baseada em aparências. Os gregos, séculos atrás, já retratavam suas divindades relacionadas ao amor com vendas nos olhos, representando que o amar não precisa ser visto, apenas sentido. Leonardo se apaixona pela voz, pelo cheiro... Isso é tão fascinante porque, além de ter a capacidade de destruir muitos argumentos preconceituosos, é tratado de uma forma pura. (fora que eu shippo fortemente desde o comecinho).

O despertar da sexualidade nem sempre tem a ver com "vida sexual". Nessa fase, você constrói interesses e se descobre de muitas maneiras. É o momento em que parte de você começa a tomar forma. A beleza se vai, a juventude envelhece, mas seus sentimentos são imutáveis e imortais. As entrelinhas mostram que a presença, o toque, o "estar" com as pessoas é mais importante que o visual. 

A personalidade espontânea e divertida do Gabriel conquistou não só o protagonista, mas também o público (Todo mundo baba por ele, é inevitável *-*). Ele desperta em Léo a vontade de fazer coisas que antes pareciam impossíveis, como ir ao cinema e andar de bicicleta. Leonardo, por sua vez, tem um crescimento enorme no decorrer da trama, passando de um menino contido para alguém que quer viver e experimentar o que a vida lhe oferece. A sua deficiência deixa de ser uma barreira. E a partir desse momento, o contato com o mundo passa a ter uma urgência ainda maior. 

O roteiro, além da sexualidade, mexe com bullying (tem sempre uns babacas implicantes né?!) e uma necessidade de ser livre. Léo tem que lidar com as piadas de mau gosto dos colegas da escola todos os dias ao mesmo tempo que enfrenta uma luta interna pela busca do seu lugar no mundo e sua liberdade. Apesar de ter Giovana (Tess Amorim), a melhor amiga de todos os tempo, ainda é difícil para Léo se fazer entender, quero dizer, se fazer expressar de uma forma que a amiga entenda o que ele sente. É uma trama que transmite lições a diversos grupos, desde pais preocupados a adolescentes inseguros. Além disso, as cenas são trabalhas de maneira sensível, com muita leveza, sem tirar a intensidade das mesmas.

As únicas coisas que poderiam ter sido melhor trabalhadas, a meu ver, seriam as cenas de bullying e acessibilidade. As "brincadeiras" são apenas direcionadas para a cegueira de Léo. Mas, como seria isso na vida de um jovem que, além de cego, também é gay? Afinal, sabemos bem o quanto temos pessoas intolerantes no mundo, e os bullies não costumam deixar as coisas passarem assim. Infelizmente, os jovens de hoje sofrem coisas bem piores do que as que são representadas no filme. Acho que faltou realidade tanto na parte do bullying quanto no quesito acessibilidade. Sabemos bem que o nosso país não é totalmente preparado para pessoas com deficiência e algumas coisas ainda são um empecilho. Porém, no filme, tudo parecia super fácil e sem dificuldades. E acredito que se mostrasse nem que fosse um pouco desse contratempo, poderia abrir os olhos de muita gente para essa realidade.

De um modo geral, o filme é fascinante não apenas pela mensagem que passa, mas por estar mais próximo de um público que enfrenta transformações, que quer ser aceito e se encontrar. Com cenas intensas, sensíveis e divertidas na medida certa, o longa não perdeu a química nem a graça do curta. Pelo contrário, nos permite entender nos mínimos detalhes a bela história apresentada em um pequeno filme de um pouco mais de 17 minutos. Todo o contexto nos envolve de uma forma tão natural que mal percebemos o quão nossa mente invadiu a história e só quer sair dela quando terminar. 

Cada vez que assisto, entendo uma questão nova, uma entrelinha nova, e me apaixono cada vez mais. "Hoje eu vou voltar sozinho" não é uma história sobre aceitação, é um filme sensível sobre o amor na sua forma mais pura e inocente; é sobre o que faz do amor, amor, não importa como ele for. 


E você? Diz se já assistiu e o que achou. E se não viu ainda, daria uma chance?
Contem aí nos comentários.





Se você nunca assistiu ao curta, segue abaixo.



Agradecimentos:
Em primeiro, à Helena por ser a melhor companheira de blog.
Em segundo, ao Vagner, à Alice, à Bella e ao Pedro por lerem essa matéria primeiro e me ajudar com suas opiniões.
Em terceiro, ao Marcus, que me mostrou o curta.
E em quarto a você, que está lendo.

Um comentário:

  1. Esse filme é lindo! Lembro que quando vi o curta foi amor à primeira vista e na hora que o filme chegou na televisão eu assisti sem demora.

    Não me atentei para o fato da acessibilidade e realmente é um fator que ficou bem raso no filme, vou assistir de novo o filme e tentar pegar mais coisas.

    Beijos
    Passaporte Literário

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