[FILME] Clube de Compras Dallas

14:24 Helena Dias 0 Comments

Filme: Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club)
Direção: Jean-Marc Vallée
Elenco Principal: Matthew McConaughey (Ron Woodroof), Jennifer Garner (Drª Eve Saks), Jared Leto (Rayon), Denis O'Hare (Dr. Sevard), Steve Zahn (Tuker).
País: EUA
Ano: 2013 (EUA) | 2014 (Brasil)
Duração: 117 minutos





Sinopse: A história de Ron Woodroof (Matthew McConaughey), consumidor de drogas, amante de mulheres, homofóbico, que, em 1986, foi diagnosticado com aids e recebeu a sentença de 30 dias de vida. A partir daí, sua luta pela vida intensificou-se e, quase à beira da morte, ele foi em busca de medicamentos alternativos fora do país já que o único remédio legal nos Estados Unidos para combater a doença, na época, era o AZT. Com a ajuda de sua médica, dra. Eve Saks (Jennifer Garner), e do travesti Rayon (Jared Leto), portador do HIV, Woodroof criou clubes em que as pessoas pagavam por esses tratamentos alternativos, o que levou as indústrias farmacêuticas dos Estados Unidos a travarem uma guerra contra ele. Woodroof morreu em 12 de setembro de 1992, seis anos após o diagnóstico fatal.

[Nota Pessoal]

Nos anos 80, quando iniciou a epidemia de AIDS e a doença era atribuída à homossexualidade e drogas injetáveis, o FDA (Food and Drugs Administration), órgão governamental dos EUA que libera e testa novos medicamentos, começou a testar a droga experimental AZT em humanos. Tal feito tornou-se uma esperança para os portadores da doença, porém, pouco tempo depois, a droga mostrou-se apenas mais um agravante da situação, uma vez que destruía todas as células dos pacientes, sendo as mesmas doentes ou não.

É exatamente dentro desse cenário que começa a história em Clube de Compras Dallas, longa-metragem baseado na história real de Ron Woodroof, um texano heterossexual que contraiu o vírus HIV através do compartilhamento de seringas contaminadas e sexo sem proteção. Woodroof é o que chamamos de "Zé Ninguém". Um homem que vive de pequenos golpes e não tem nenhuma perspectiva de vida a não ser transar com o maior número de mulheres possíveis e se embriagar no bar local. Porém, quando descobre seu diagnóstico e os médicos dizem que ele tem apenas mais 30 dias de vida, Ron parece encontrar seu objetivo na vida: continuar vivo.

Sabendo que o AZT apenas diminui ainda mais o tempo de vida do soropositivo, Woodroof cria um "clube de compras", em que seus associados podem adquirir remédios ilegais (que foram a base para o coquetel de drogas usado até hoje no tratamento da doença) no país, porém que melhoram e prolongam a qualidade de vida dos doentes.


O auge do filme são, com certeza, as atuações. McConaughey passou por mudanças físicas incríveis para dar vida a um personagem que te conquista aos poucos. É muito interessante como o desejo de continuar vivo faz com que Woodroof se torne um ativista não intencional, combatendo de frente os problemas das indústrias farmacêuticas e a negligência médica ao administrar o AZT em pacientes já debilitados sem levar em conta os danos que o mesmo estava causando em seus organismos. Além disso, a convivência com Rayon (Jared Leto) faz com que o personagem passe de um grosseiro homofóbico a um simpatizante sem preconceitos. Essa transição foi acontecendo de uma forma tão natural que chega a ser bonita a amizade que nasce entre os dois. Falando em Leto, o vocalista da banda 30 seconds to Mars também não decepciona. Ele emagreceu cerca de 13 quilos para interpretar Rayon, transexual que se torna parceiro de Ron em sua jornada. Os trejeitos e carisma adotados por Jared são memoráveis. O que mais me deixou boquiaberta é a maneira como Leto conseguiu captar toda a fragilidade, física e emocional, que envolve seu personagem e ainda passar para o público de uma forma sutil e extremamente comovente. Não é à toa que o cantor ganhou o Globo de Ouro de melhor coadjuvante.

A história de Woodroof contém elementos essenciais para discussões pautadas até hoje e que ainda merecem muito mais estudo. E embora Jean- Marc Vallée não se desprenda do tom de filme-denúncia, achei que ele teve bastante êxito ao acrescentar leveza e humor ácido na medida certa, evitando a semelhança com outras produções e contrastando com a realidade cruel dos portadores de HIV. O único problema, a meu ver, é que Clube de Compras Dallas chega ao seu objetivo lá pela metade do filme, que é criticar o FDA e tentar combater as ambiciosas trustes farmacêuticas. Por conta disso, o restante do filme acaba repetindo informações que já foram empregadas no início.

Mesmo assim, o filme é muito bom. E por falar de um tema tão pesado com leveza e humor, é fácil de assistir e não causa aquela sensação pesada por ter um assunto forte. Clube de Compras Dallas definitivamente merece atenção.

Beijos Cinematográficos!!

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