[Nota Pessoal] First Love, Last Rites - Ian McEwan

14:49 Helena Dias 4 Comments

Livro: First Love, Last Rites (Primeiro Amor, Últimos Ritos - título em Port. Portugal)
Autor: Ian McEwan
Editora: Random House (Editora Gradiva, em Portugal)

Sinopse: First Love, Last Rites é uma coletânea de oito histórias onde o sexo, a depravação, os rituais de crescimento e de iniciação e a perda da inocência são os principais ingredientes. Os seus protagonistas são pessoas sós de todas as idades que têm em comum a procura da satisfação por vias invulgares. Uma obra verdadeiramente reveladora da psique humana.

Curiosidade: O inglês Ian McEwan é um dos ficcionistas mais importantes de sua geração. Seus livros já lhe renderam uma série de prêmios literários, incluindo o prestigiado Booker Prize e o Whitbread Award.

[Nota Pessoal]
Gostaria de começar avisando que os contos retratados nesse livro são um tanto quanto fortes. Perversidade sexual e ausência emocional são apenas alguns dos aspectos encontrados nesse livro. McEwan soube administrar muito bem esses dois opostos da sexualidade e da mortalidade nesses pequenos contos.

Além de ter um tema forte, o autor escreve a partir da perspectiva do agressor. Levando em consideração que todos os seus protagonistas são criminosos [assassinos, estupradores, pedófilos e etc], eu me senti meio desconfortável com isso. Mas, isso não quer dizer que achei a obra ruim. Foi uma experiência completamente nova para mim.

"... se nos afazeres humanos não existem tais coisas como episódios então eu realmente deveria insistir que esta história é sobre Raymond e não sobre virgindade, coito, incesto e autoabuso." (Homemade, p. 23)

Acho que o que eu mais gostei nessas histórias foi que McEwan pegou um dia qualquer da vida de uma pessoa comum, e nos mostrou o quão rápido ele pode ser degradado, como uma pessoa qualquer pode cometer um crime "acidental", apenas através de uma solitária ideia indolente. Existe uma psicologia muito precisa ao redor dessas histórias e, eu tenho certeza que qualquer um que tenha acompanhado os noticiários nos últimos, sei lá, 10 anos pode nomear pelo menos um incidente que tenha semelhança com algum dos contos nesse livro.

O tema neste livro é um tabu que nós tendemos a temer e condenar entre nossos amigos e familiares. É o tipo de coisa que não ousaríamos nos identificar porque é um comportamento fora do normal e não aceito socialmente. Os atos em si, são do tipo que uma vez cometidos, te colocam em um caminho sem volta. São atos de auto-condenação e ruína moral. Acredito que a intenção de McEwan é nos fazer sentir como podemos estar tão perto de nos tornarmos tais pessoas. Afinal, ninguém nasce criminoso, e algo tem que acontecer para alguém se tornar um. E, esse algo pode ser um sutil acontecimento doméstico, tomando proporções imensas e sinistras até encontrar uma maneira de extravasar.

"Como eu me tornei um adulto? Eu vou te contar, eu nunca aprendi. Eu tenho que fingir. Todas as coisas que passam despercebido eu tenho que fazer tudo conscientemente. Eu estou sempre pensando nisso, como eu estava no palco. Estou sentado nessa cadeira com os braços cruzados, tudo bem, mas eu preferiria estar deitado no chão murmurando comigo mesmo do que estar conversando com você. Eu posso ver que acha que estou brincando. Ainda levo muito tempo para me vestir de manhã e, ultimamente, não me incomodo em todo caso. E você viu como eu sou desastrado com uma faca e garfo. Prefiro que alguém venha e me dê um tapinha nas costas e me alimente com uma colher. Você acredita em mim? Você acha que isso é nojento? Bem, eu acho. É a coisa mais nojenta que eu conheço. É por isso que eu cuspo na memória da minha mãe porque ela me fez assim." (Conversations With a Cupboard Man, p.91)

A narrativa é bem simples, direta (considerando que li a versão em inglês) e, muitas vezes, animada, o que instantaneamente faz com que você se identifique com o narrador. E, como leitores, é isso que esperamos. Mas, quando as coisas começam a ficar desagradáveis, eu, particularmente, descobri que não conseguiria me desassociar do protagonista como eu gostaria, e isso acabou se tornando um banho de desgosto e angústia.

Os contos que mais curti foram "Homemade" e "Conversations With a Cupboard Man". O primeiro é um conto sobre um psicopata de 14 anos (Disturbing as hell). Já o segundo é sobre um homem perturbado, que conta sobre sua consciência de vida passageira para uma assistente social. Os detalhes são excelentes e, como esperado, perturbador.

É a primeira obra do autor que eu leio e gostei bastante. Ele tem um jeito completamente diferente de escrever e de envolver o leitor na história. É uma obra que eu recomendo a todos (maiores de 18 anos, claro). Vai mexer com seus sentimentos e sua mente.


NOTA:



P.S.: A tradução das quotes que coloquei foram feitas por mim. Infelizmente não consegui encontrar o livro em Português BR.

4 comentários:

  1. esses livro hot, são tudo de bom kkk beijos
    ja estou seguindo beijos :)
    livro-azul.blogspot.com.br

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    1. hahahaha... Pois é... Mas, além de hot, ele pode ser bem polêmico...

      Beijos.

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  2. Oi xuxo
    Que linda sua resenha , parabéns haha :D
    '' "... se nos afazeres humanos não existem tais coisas como episódios então eu realmente deveria insistir que esta história é sobre Raymond e não sobre virgindade, coito, incesto e autoabuso." (Homemade, p. 23) ''
    Adorei haha , mas não posso ler esse livro UHAUSHAHSAHSHASH
    Espero gostar da leitura quando fizer 18 :p
    Beeijos !
    Um Grande Vício Literário *-*

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    1. hahahaha...
      É uma leitura mais madura, mas eu acredito que vá gostar sim!!

      Beijos.

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